O mistério é agora revelado pelas autoridades científicas da Confederação Helvética, após um século de investigação.
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Queijo suíço |
O
mistério dos buracos no queijo suíço foi finalmente desvendado, após um
século de investigação, com a conclusão de que são provocados por
pequenas partículas de feno que caem no leite durante a ordenha das
vacas.
O anúncio da descoberta foi feito pelas autoridades
científicas da Confederação Helvética que se dedicaram ao estudo do
fenómeno: os investigadores do Agroscope, o instituto das ciências
alimentares, sediado em Berna, associados aos do Laboratório Federal
Suíço de Testes de Materiais e Investigação (Empa).
Os famosos
"buracos" de queijos como o Emmental e o Appenzell resultam dos gases
produzidos pelas partículas de feno durante o processo de fermentação,
explicou o Agroscope em comunicado.
O enigma dos buracos no
queijo, que "fascinava tanto as crianças quanto os adultos", está por
fim resolvido, congratulou-se o Agroscope.
Os "buracos" tendem a
desaparecer depois de o leite ter passado a ser extraído por meio de
técnicas mais modernas, constataram os investigadores.
"É o
desaparecimento do tradicional balde", colocado sob o úbere da vaca,
substituído por técnicas mais modernas e mais higiénicas que está na
origem do desaparecimento dos buracos, disse um porta-voz do Agroscope
citado pela agência de notícias francesa AFP.
Segundo o instituto
científico suíço, já em 1917 o norte-americano William Clark publicara
um artigo aprofundado sobre a formação dos buracos no Emmental.
Nesse
artigo, Clark tentava explicar à luz dos conhecimentos da época o
enigma da formação dos buracos no queijo, formulando a hipótese de os
buracos resultarem da ação do dióxido de carbono produzido por
bactérias.
Depois de Clark, os cientistas que continuaram a
interrogar-se sobre a origem desses buracos constataram que os queijos
fabricados nos últimos 10 ou 15 anos tinham cada vez menos buracos.
Os
investigadores do Agroscope debruçaram-se então sobre a mudança de
métodos de ordenha das vacas e a redução de micropartículas de feno e de
bactérias no leite.
Para validar a hipótese, observaram a
formação dos buracos durante um período de 130 dias, durante o processo
de maturação do queijo, utilizando instrumentos como a tomografia axial
computorizada (TAC).
"A ordenha tradicional no estábulo com baldes
abertos foi substituída nas últimas décadas por sistemas de ordenha
fechados", explicou o instituto científico suíço, acrescentando que as
novas técnicas "suprimiram totalmente as micropartículas de feno no
leite". Em consequência, "há menos 'germes de buracos' no queijo",
observou o porta-voz.
"É uma descoberta que foi feita
completamente por acidente, como todas as grandes descobertas", concluiu
o porta-voz do Agroscope.
Os produtores de queijo sabem agora
que, jogando com a dosagem das micropartículas de feno, podem
praticamente controlar o número de buracos desejados nos seus queijos.
O queijo é um assunto sério na Suíça, onde a criação de gado bovino é abundante.
Em
2014, o consumo médio anual de queijo por habitante na Suíça foi de
21,3 quilos. Os queijos suíços representaram dois terços deste consumo.
Lusa